Mandato começa em 2021, mas engenheira agrimensora promete estar presente a partir de agora
Desde a criação do Conselho em 1979, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de MS (Crea-MS) nunca teve uma mulher na presidência. Com 1.136 votos, no dia 1º de outubro de 2020, Vânia Mello foi eleita presidente da entidade que representa cerca de 10 mil profissionais no Estado. Foram 2.076 votos sendo 2.059 válidos. A primeira mulher eleita presidente do Crea-MS teve 55% dos votos. Para ela, a vitória significa o início de um árduo trabalho. “A responsabilidade de cada voto foi triplicada, afinal estamos saindo de um processo pandêmico, quando os profissionais estão retomando suas atividades. Além disso, a eleição foi adiada em três momentos e, por fim, o profissional não é obrigado a votar. Quem veio foi porque realmente quis valer seu direito e depositar a confiança em cada candidato”, comentou.
A engenheira agrimensora Vânia Mello quer iniciar seu trabalho imediatamente. A posse acontece em 2021, mas a nova presidente quer que o período de transição seja o mais tranquilo possível. “Começo o mandato já implantando projetos importantes, que colaborem para o desenvolvimento da profissão e dos profissionais. Desde o início da minha campanha, sustentei que faria um Crea-MS para todos os profissionais das engenharias, agronomia e geociências e é isso que quero fazer”, frisou a nova presidente.
Entre as propostas, Vânia Mello quer melhorar a comunicação com a sociedade. “Precisamos destacar a importância dos engenheiros para os diversos setores do País. Se não dermos visibilidade ao que vem sendo feito não há valorização da nossa atuação”, pontuou. Além da valorização do profissional, ela quer fortalecer a participação dos jovens profissionais no Sistema Confea/Crea/Mútua, intensificar as ações educativas de fiscalização, transformar a Inspetoria de Dourados em Subsede e outras ações e projetos que visam o fortalecimento da classe e do Crea-MS.
Apesar da campanha ter sido mais longa que o previsto, sendo prolongada de dois para seis meses, os candidatos focaram em propostas para o fortalecimento da categoria. “Gostaria de agradecer aos meus concorrentes que, durante o período eleitoral, agiram com ética, coerência e decência, mostrando efetivamente projetos e novas ideias ao nosso segmento. Espero que, desde já, possamos unir forças para desempenharmos nossas funções com eficiência”, destaca.
Mulheres na Engenharia
Desde a sua criação, em 1979, nenhuma mulher se candidatou ou foi presidente do Crea-MS. Mesmo hoje, em 2020, dos sete membros da diretoria da entidade, apenas uma é do sexo feminino. Pela primeira vez, uma mulher resolveu concorrer ao cargo e será presidente da entidade. Vânia Mello é engenheira agrimensora e trabalha na Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) desde 1992, foi professora, presidente da entidade que representa sua engenharia e também compôs a diretoria do Crea-MS. Está acostumada aos desafios e quer romper esse paradigma.
Embora tenha aumentado o número de profissionais do sexo feminino registrados pelo Conselho Federal de Egenharia e Agronomia (Confea), cujo crescimento foi de 42% entre 2016 e 2018, o curso é predominantemente masculino. Em MS, o Crea tem registrado 9.538 profissionais, desse total apenas 20,25% são mulheres (1.931 engenheiras). Os cursos de engenharia já são conhecidos por serem predominantemente masculinos. O último Censo de Educação Superior do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) de 2018 apontou que 37,4% dos formandos da área de Engenharia, Produção e Construção eram mulheres.
A representatividade feminina na política tem ganhado destaque e é uma bandeira, inclusive do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os especialistas defendem que quando existe uma equiparidade de gênero nos Poderes existe também uma igualdade na sociedade de uma forma geral. Infelizmente, o Brasil é um dos piores países em termos de representatividade política feminina, ocupando o terceiro lugar na América Latina em termos de representatividade feminina. Enquanto a média mundial da presença de mulheres em cargos de liderança política é de 24 a 25%, a Câmara Federal brasileira tem 15%.
Quem é Vânia Mello?
A nova presidente é diretora licenciada da Mútua e deve voltar ao cargo até assumir a presidência do Crea-MS. Ela teve um papel crucial na entidade, quando criou o plano de saúde para os profissionais das engenharias, agronomia e geociências. O exemplo da Mútua em MS foi exportado para outros estados e isso garantiu um aumento na quantidade de associados para a entidade que é a Caixa de Assistência para os profissionais.
Ela é engenheira agrimensora, especialista em Geociências e Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Está na Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) desde 1992, atuando como engenheira, foi também professora universitária. No Crea, foi diretora Administrativa e conselheira por quatro mandatos. Foi presidente da Asmea (Associação de Engenheiros Agrimensores de Mato Grosso do Sul), entidade que representa os engenheiros agrimensores e do IEMS (Instituto de Engenharia de Mato Grosso do Sul). Como profissional possui vários trabalhos técnicos publicados, inclusive internacionalmente.
OUTRAS INFORMAÇÕES: Link com o resultado das eleições: https://eleicoes2020.creams.org.br/apuracao-dos-votos/
CRÉDITO DAS FOTOS: Alexis Prappas